Passados quase dois anos desde que optei por pedir LSVLD (Licença sem Vencimento de Longa Duração), urge exprimir aqui algumas reflexões sobre aspectos relevantes decorrentes dessa decisão. Neste 1º post da série “Balanço”, faço um enquadramento do meu estado de espírito:
Ponto de Partida:
Segundo algumas teorias
da Psicologia, a frase “Quero ser feliz” traz em si duas constatações: as
pessoas sabem o que as torna infelizes ou o que as oprime, mas a maioria não
sabe o que as tornaria felizes ou realizadas. Posto isto, a necessidade de deixar
de ser professor foi um imperativo (que já tentei explicar em posts anteriores);
nada satisfeito quis mudar de vida. Passado este tempo, percebo melhor a
associação que se vai fazendo a esta decisão com conceitos abstractos como “coragem”.
Sim, de facto se a
maioria insatisfeita não consegue abanar a estrutura e sair dela, é porque,
mais do que preocupações materiais com a sobrevivência, não sabe lidar com o VAZIO.
Um pouco como o prisioneiro que é libertado depois de muitos anos e entra em
depressão porque não sabe o que fazer com a liberdade.
Talvez “retocado” pela
pandemia, não posso negar que essa sensação de VAZIO não exista. Saí duma zona
de conforto para entrar noutra na qual tenho (pontualmente) a sensação de estar confinado há
demasiado tempo.
É grave? NÃO
Tudo tem o seu tempo, e
este... fui eu que o criei, sou eu o seu gestor, ele está às minhas ordens.
Portanto, se decido ficar por casa a acabar a leitura de um (dos muitos livros)
inacabados, fazer a manutenção da corrente da bicicleta (na qual não ando há
algum tempo), ou re-escutar atentamente o “Quiet Life” dos Japan; o “problema”... é meu!
…e que prazer imenso ... uma simples caminhada pela cidade sem destino algum…
Aprendi a valorizar ainda mais a minha decisão e consigo interpretar fantasmas estilo- “o que andas a fazer da tua vida?”; “és um inútil.”; “quando é que arranjas trabalho?”… como incentivo para a mudança.
E saudades destes fantasmas quando ainda no ativo?: "É isto que queres?"; "Estás a dar cabo de ti!"; "Eles não te ligam nenhuma!"; "Mais um ano letivo? Como é que consegues?!"....NENHUMAS
Isto é uma viagem, da qual fases aparentemente “estagnadas” também fazem parte. Nem tudo é movimento.
V.
Próximo post: Balanço Parte 2- questões práticas.
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