REGISTO DE OCORRÊNCIA
RELATO:
"Por volta das 18:00-18:10, os alunos nº 4 X e nº 21 Y, envolvem-se numa (nem sei que lhe chamar) escaramuça, zaragata, … da qual saem ilesos, à exceção da “pobre” cadeira, que impulsionada pela mesa -selvaticamente empurrada pelo irritadíssimo X- cai no seu lado esquerdo e fica sem um pedaço de madeira do seu apoio lombar.
Como é que se chega a este ponto?Teria que voltar a 1992 e à reforma educativa iniciada pelo então Ministro de Educação Roberto Carneiro. Mas não tenho tempo e nem toda a gente que lê estas ocorrências tem a experiência de passar doze tempos lectivos semanais com grupos de alunos que não respeitam a “propriedade” escolar, as pessoas nela envolvida, nem tão pouco o colega do lado. O tal que, no minuto X é um amigalhaço para a vida, e no minuto Y seguinte, um alvo a abater, porquanto como ele está frustrado por não ter atingido os 18 aninhos. O número mágico para se ver livre do aborrecimento de ter que pensar e, de vez em quando, ter que transcrever o pensamento para a ponta de uma esferográfica, que de interessante só tem o facto de poder, sem a carga, servir de propulsora por via oral de pequenos papelitos, arduamente preparados a partir de cadernos inócuos, perdidos em mochilas cheias de objectos que fariam corar de espanto qualquer ASAE do sistema educativo.
Os factos:Os alunos estavam a brincar: um risca a ficha do outro, o outro devolve riscando o caderno; um goza com o outro, o outro mostra o caderno riscado ao professor, o professor avisa os dois que devem acabar com a brincadeira, a aula possível continua e de repente:X enfurece-se, atira a mesa para a frente, dá uma espécie de murro ao Y e grita: “tu não me conheces!!!, olha que eu….”. E nisto, estou eu a pensar: “só me faltava mais isto hoje”, e tento resfriar os ânimos, especialmente do X, que parecia possuído pela raiva acumulada de todos os alunos CEF.
Agora sentados, continuam a verbalizar ofensas um ao outro, sem exteriorizar demasiado. Eu, para eles invisível, até ao momento em que decido, a cinco minutos do toque, mandar sair um a um, tentando distanciar temporalmente a saída dos dois galifões. Refira-se que para os restantes alunos, foi o momento alto da aula, silenciosos como nunca tinham estado antes, a rezar para que a coisa descambasse num cenário de guerra civil.Eu, na sala agora vazia, fiquei a olhar para a pobre cadeira tão destroçada quanto eu. Terminei os trâmites informáticos, saí, e fiz o ponto da situação com a auxiliar de acção educativa, antes de entregar um pequeno resumo a um membro da direção no átrio principal da escola.
Veredito:Perante agressividade de adultos um pouco por todo o lado; o descalabro ético; esta ocorrência é apenas lógica. Pagar a cadeira?! Faria sentido numa sociedade em que a Parque Escolar, gerida por adultos, não tivesse desviado milhões.
Proponho acelerar a máquina do tempo para estes dois rapazes, para que possam tirar a carta e, não obrigados a entrar, possam exibir, a passar pela escola, os seus “tunings” de duas ou mais bufadeiras cromadas, e rir de satisfação quando o pobre professor vai a pé para a estação de comboios."
O
professor,
VB
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